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Necessidades, consumo e consequências da moda nas guerras mundiais

  • klebiasouza
  • 29 de dez. de 2021
  • 3 min de leitura

As guerras nos impactam, como também acarretam transformações. Seus impactos alteram os aspectos econômicos, políticos e sociais já que eles são indissociavelmente ligados, e quando alguma dessas áreas se alteram, as outras consequentemente mudam. A exemplo disso, são os acontecimentos que ocorreram ao longo das Guerras Mundiais, e a moda, como está presente nestes âmbitos também se transfigura de acordo com as necessidades do período.


A partir da Primeira Guerra Mundial as mulheres foram responsáveis por preencher a ausência dos maridos em espaços que antes eram ocupados apenas por eles, o que resultou na necessidade de roupas mais práticas e confortáveis, já que suas vestimentas não eram adequadas para as mais distintas áreas de trabalho. Assim, elas então começaram a usar calças (que primeiramente eram dos seus esposos) e uniformes para que conseguissem executar as atividades trabalhistas com mais desenvoltura. Ressalta-se que, embora tais conquistas profissionais sejam uma vitória inquestionável para a emancipação feminina no mercado de trabalho, a maioria das mulheres que conseguiram tal feito eram predominantemente de classe média, ou seja, uma grande parte do público feminino, sobretudo das classes mais abastadas, não poderem galgar dessa faceta.


A chegada da Segunda Guerra Mundial causou a escassez de matérias-primas, operários e dinheiro, e, mesmo assim, não interrompeu as atividades produtivas no ramo da moda, ao contrário, gerou uma reinvenção no processo de criação e modelos das vestimentas, adaptando-se outra vez às circunstâncias. Materiais alternativos como borracha, sola de madeira e palha começaram a ser usados para a fabricação de sapatos. Já as produções de roupas eram feitas com os mínimos detalhes, usando viscose e fibras sintéticas, visto que a ordem era economizar e adaptar as necessidades à época. Por consequência disso, as vestimentas femininas passaram a se apropriar de vários elementos da indumentária masculina, como camisas de colarinho, calças, ternos, gravatas, boinas que até então eram peças consideradas apenas para os homens.



Ademais, devido ao uso de materiais alternativos, houve a intensificação do ato de costurar em casa, ocorrendo também reformas de peças antigas utilizando o aparato de remodelar e tingir peças para renová-las, dando-lhes o aspecto de novas outra vez.


Outro aspecto importante que a Segunda Guerra Mundial causou foi o isolamento de Paris, o qual era o maior produtor de peças de vestuário do mundo, resultando na formação e desenvolvimento da indústria da moda dos países em pleno período de guerra para suprir as necessidades dos indivíduos, como a dos Estados Unidos.


O estilo norte-americano foi desenvolvido a partir da inspiração e do trabalho da estilista Claire McCardell, que criou coleções de vestimentas que poderiam ser combinadas e planejadas para serem reproduzidas em série, desenvolvendo assim uma moda industrializada. Agora, ao estilo "pronta para vestir", as peças passaram a ser vendidas nas lojas de departamentos, o que acabou democratizando de certa forma o acesso à moda e despertou, em todas as classes sociais, o desejo em consumi-la.


Desse modo, nota-se como a moda se reflete nas características da sociedade, refletindo o tempo, acompanhando a humanidade até em seus momentos mais conturbados, sempre se adaptando ao período. E as lojas de departamentos que no período da guerra foram necessárias para suprir as necessidades e democratizar o consumo das roupas, hoje, tornaram-se um problema, pois vivemos em um período de crise ecológica planetária causada pelo excesso de bens de consumo, inclusive do consumo de vestuários que são vendidos nessas lojas fast fashion, que logo se transformam em lixo.


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